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Meningite Meningocócica: importância em Saúde Pública




Meningite é uma doença que compromete as membranas que envolvem o Sistema Nervoso Central (cérebro e medula espinal). Pode ser causada por uma multiplicidade de agentes. Caracteriza-se por falta de apetite, febre, cefaléia, náas, vômitos, sinais de irritação meníngea – agitação física e mental, dores musculares, manchas vermelhas na pele e alterações do líquido cefalorraquidiano. Crianças com menos de um ano podem sentir moleira tensa ou elevada, irritabilidade, inquietação com choro agudo, rigidez corporal com ou sem convulsões. É uma doença grave e endêmica cujo prognóstico depende fundamentalmente do diagnóstico precoce e da instituição imediata de tratamento adequado.

As meningites bacterianas são do ponto de vista clínico, as mais graves e as bactérias mais frequentemente causadoras são: Neisseria meningitidis (meningococo), Haemophilus influenzae tipo b e o Streptococcus pneumoniae (pneumococo).

A meningite meningocócica, causada pelo meningococo, devido sua magnitude, gravidade e potencial de ocasionar surtos e epidemias, apresenta maior importância em saúde pública.

O meningococo possui vários sorotipos, como A, B, C, Y e W 135, sendo o tipo C o mais prevalente no Brasil. O homem doente ou portador é o único reservatório natural. A transmissão é de pessoa a pessoa, por via respiratória, através de gotículas e secreções do nariz e garganta, ao tossir, falar ou espirrar havendo necessidade de contato íntimo e prolongado. O período de incubação é de 2 a 10 dias (geralmente 3 a 4 dias). A transmissibilidade persiste até o desaparecimento do meningococo das secreções nasofaríngeas do doente ou portador. Cerca de 10% dos adolescentes e adultos são portadores assintomáticos da bactéria na orofaringe (“garganta”) e podem transmitir a bactéria, mesmo sem adoecer. O risco de transmissão desaparece após 24 horas de tratamento com antibióticos. O estado de portador pode ser até 10 meses. É uma doença universal, ocorrendo tanto em regiões urbanos como rurais. A aglomeração intra-domiciliar é um fator para transmissão cruzada. É mais freqüente nos meses mais frios favorecendo as epidemias.

Em menos de 1% dos indivíduos infectados, a bactéria consegue penetrar na mucosa respiratória e atinge a corrente sanguínea levando ao aparecimento da doença meningocócica. A invasão geralmente ocorre nos primeiros cinco dias após o contágio. Os fatores que determinam o aparecimento de doença invasiva ainda não são totalmente esclarecidos. A medida mais eficiente para bloquear o surgimento de novos casos é a quimioprofilaxia com uso de antibióticos, na medida em que a vacina não traz proteção imediata.

A meningite é uma doença de notificação compulsória e deve ser notificada a autoridade de saúde o mais rapidamente possível.

Medidas de Controle após exposição às Meningites e Doença Meningocócica

Em adição às precauções padrões, precauções com gotículas são recomendadas até 24 horas após o início da terapia antimicrobiana efetiva.

Medidas de Controle


(A) Quimioprofilaxia

O risco de contrair doença meningocóccica invasiva entre contactantes de indivíduos infectados é o fator determinante na decisão de dar ou não a quimioprofilaxia. A taxa de ataque para contactantes intra domiciliares é 500 a 800 vezes maior que para a população geral.

A Rifampicina deve ser administrada simultaneamente a todos os contatos íntimos, idealmente dentro das primeiras 24-48 horas a partir da data de exposição à fonte de infecção. Em virtude dos períodos de transmissibilidade e de incubação da doença, geralmente considera-se um prazo de 10 (ou até 15 dias) a partir da data de exposição para o meningococo.

A Ceftriaxona está recomendada como opção para grávidas. Em caso de hepatopatia, intolerância, ou alergia conhecida, à Rifampicina, recomenda-se o uso de Ciprofloxacino ou Ceftriaxona.

Conforme orientação do Ministério da Saúde (2008), até o momento a rifampicina tem sido recomendada para gestantes. Um dos exemplos é o tratamento da tuberculose em gestantes, mas somente o médico deve definir qual será a melhor prescrição em cada caso. No entanto existem controvérsias na literatura quanto ao uso de Rifampicina durante a gravidez.

Contactante íntimo de qualquer pessoa com doença meningocóccica invasiva, seja esporádico ou em um surto, estão sob maior risco e devem receber a quimioprofilaxia, idealmente dentro das 24 horas após o diagnóstico do caso primário.

Culturas da garganta e nasofaringe não têm valor para a decisão de quem deve receber a quimioprofilaxia e não são recomendadas.

Recomendações para uso de quimioprofilaxia

– Alto Risco: Quimioprofilaxia recomendada (contato íntimo).


Contactantes intra-domiciliares, especialmente crianças jovens.


Crianças em “escolinhas”, creche ou berçário durante os 7 dias antes do início da doença.


Pessoas com exposição direta à secreções do caso índice através de beijo ou uso compartilhado de escova de dentes, talheres, durante os 7 dias do início da doença.


Reanimação boca a boca, intubação endotraqueal ou aspiração de via aérea ou tubo sem uso de máscara durante os 7 dias antes do início da doença.


Pessoas que freqüentemente dormiam ou comiam no mesmo ambiente domiciliar da casa durante os 7 dias antes do início da doença.


Passageiros sentados diretamente próximo do caso, durante vôos com mais que 8 horas de duração.

– Baixo Risco: Quimioprofilaxia não recomendada


Contactante ou contato casual: Sem história de exposição direta a secreções orais do caso índice (ex: escola e trabalho).


Contato ou contactante indireto: Pessoa que teve contato com um contactante de alto risco (veja acima), mas não teve contato direto com o paciente índice.


Profissionais de saúde que não tiveram exposição direta às secreções orais do paciente.

A principal forma de prevenção é a detecção e o tratamento precoce dos casos, evitando-se, principalmente, que a doença seja transmitida a outras pessoas. Existem vacinas para prevenir alguns tipos de meningite onde estão disponíveis no calendário básico de vacinação da criança as seguintes vacinas: BCG, que previne as formas graves de tuberculose, incluindo a meningite tuberculosa, e a vacina contra a meningite por Haemophilus influenzae tipo b.

As vacinas contra meningococo C são utilizadas somente em situações especiais. Outras formas de prevenção incluem: evitar aglomerações, manter os ambientes ventilados e a higiene ambiental.


Precauções adotadas a nível hospitalar

Precauções Respiratórias com Gotículas


Indicadas para pacientes para suspeita ou confirmação de doenças com transmissão por gotículas (partículas > 5 micra de diâmetro) eliminadas pelas vias aéreas durante tosse, espirro ou fala. A aplicação das precauções respiratórias para gotículas inclui as seguintes medidas:


Acomodação


Quarto privativo, de preferência.


Quando o isolamento em quarto privativo não for possível, o quarto poderá ser compartilhado com pacientes infectados pelo mesmo microorganismo.


Trocar os equipamentos de proteção exigidos para cada caso e realizar a higienização das mãos entre contatos com pacientes no mesmo quarto, independentemente de um paciente, ou ambos os pacientes, estarem sob Precauções com gotículas.


Nas instituições de longa-permanência e serviços de atendimento domiciliar a decisão quanto ao tipo de isolamento deverá ser considerada caso a caso. Deverão ser considerados os riscos de infecção para os outros pacientes do quarto e as alternativas disponíveis.


Nos serviços ambulatoriais, os doentes que necessitam de precauções com gotículas deverão ser colocados em um consultório examinados o mais rapidamente possível. Instruir os pacientes a seguir recomendações para Higiene respiratória/Etiqueta ao tossir.

Artigo escrito por Guilherme Augusto Armond – presidente da AMECI – Associação Mineira de Epidemiologia e Controle de Infecções




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